O centro da Via Láctea, sua parte mais brilhante, localiza-se entre as constelações de Escorpião e Sagitário. Com as três imagens finais resultantes dos empilhamentos dos conjuntos de fotos das regiões de Sagitário e Escorpião (ver as postagens correspondentes), montei um mosaico usando o "Image Composite Editor", uma excelente ferramenta da Microsoft para fazer panoramas pela combinação de duas ou mais imagens com áreas de sobreposição; grátis, fácil de usar, rápida e com resultados excelentes. Infelizmente, a Microsoft descontinuou o produto, mas ainda é possível baixar a última versão, 2.0.3, da biblioteca digital Internet Archive, tanto para sistemas Windows 32 bits como para sistemas 64 bits. Links a seguir:
O mosaico tem uma resolução de 7455 x 3932 e cobre uma área do céu de 15° x 8°. Anotei na imagem a posição do Centro Galáctico de acordo com suas coordenadas equatoriais
em graus decimais: 266,405100; -28,936175
ascensão reta: 17h 45m 40,04s declinação: -29° 00' 28,1"
Esse é o centro rotacional da galáxia, o local em torno do qual toda a Via Láctea gira. Está a cerca de 26 mil anos-luz de nós e aí existe um buraco negro com massa equivalente a quatro milhões de vezes a do Sol, que alimenta um fonte de rádio muito compacta, identificada no início dos anos 80 e denominada Sagittarius A*.
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Há cerca de um ano, em 12 de maio de 2022, foi apresentada a primeira imagem desse buraco negro, feita por uma equipe global de pesquisadores denominada Event Horizon Telescope (EHT) Collaboration usando observações uma rede mundial de radiotelescópios. Uma reportagem a respeito, assim como a imagem reproduzida ao lado, aparecem na edição de 13/05/2022 do Canaltech:
O comunicado, em inglês, do Event Horizon Telescope pode ser acessado no link abaixo:
A observação de objetos integrantes do bojo da Via Láctea é extremamente dificultada pela poeira interestelar presente no disco galáctico, que ao se interpor na linha de visão absorve a luz visível por eles emitida. Assim, estrelas, aglomerados e outros corpos celestes, como o buraco negro, são observados e estudados através de suas emissões eletromagnéticas em comprimentos de onda maiores que os do espectro visível, como infravermelho e ondas de rádio, que sofrem menos absorção. Olhando na direção do centro da galáxia, normalmente só é possível a observação e a fotografia no espectro de luz visível de objetos que estejam a até cerca de 6500 anos-luz, um quarto da distância total; entretanto, há meia dúzia de "corredores" com densidade de poeira muito baixa, criando janelas para a observação de objetos do núcleo central, no espectro visível ou infravermelho próximo. Destaca-se entre essas janelas, a conhecida como Janela de Baade (Baade's Window), anotada na imagem abaixo, resultante da calibração astrométrica da original feita no software ASTAP (Astrometric Stacking Program).
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A Janela de Baade tem um contorno irregular e delimita no céu uma área de 1° de diâmetro em torno do Aglomerado Globular NGC 6522. Próximo à sua borda fica um outro aglomerado globular, o NGC 6528. Ambos fazem parte do bojo da galáxia e estão a mais de 25 mil anos-luz de nós. O NGC 6522 é provavelmente o aglomerado mais antigo da Via Láctea com mais de 12 bilhões de anos.
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