terça-feira, 18 de março de 2025

Lua de Sangue
Eclipse Lunar Total de 14 de março de 2025

Depois de uma longa ausência, dois anos, retorno com uma postagem sobre um tema bastante diferente dos que abordo usualmente e que se constituiu no grande evento astronômico de março de 2025 – Lua de Sangue, o eclipse lunar total do dia 14.

Lua de Sangue


O eclipse teve uma duração de seis horas e três minutos, tendo começado às 00:57 e terminado às 07:00 de 14 de março de 2025. O final não foi diretamente visível porque ocorreu após o ocaso da lua, às 06:37, e já dia claro; o nascer do sol foi às 06:29. Eu acompanhei e registrei do início até o máximo da fase de totalidade às 03:58 – a primeira metade do evento.


O eclipse e suas fases

Lua Cheia
00:36
Penumbral
01:35
Parcial
02:36
Total
03:57










O eclipse lunar total tem diferentes fases: penumbral, parcial e total. Como as duas primeiras ocorrem antes e depois da fase total, o eclipse se desenrola em cinco etapas, com uma duração média de uma hora e quinze minutos cada, como mostrado no quadro abaixo extraído da página do Time and Date sobre o eclipse (https://www.timeanddate.com/eclipse/in/brazil/pelotas?iso=20250314).

timeanddate.com 14 de Março de 2025 — Total Lunar Eclipse
Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil

Essa página do Time and Date também apresenta uma animação muito interessante, mostrando como o eclipse lunar ocorre e as suas diferentes fases.

Obviamente, o momento mais aguardado do eclipse pelos espectadores e fotógrafos é quando ele atinge o máximo e a Lua totalmente coberta pela sombra da Terra se torna avermelhada – a Lua de Sangue.

domingo, 23 de abril de 2023

Dois anos de Astrofotografia

Comecei a fazer Astrofotografia há dois anos, durante a pandemia, como uma alternativa à impossibilidade de continuar a fazer naquele momento algumas das minhas atividades normais – as que mais gostava. Até aqui nenhuma novidade, afinal isto está dito na descrição da página e é recorrente nas minhas postagens, mas com o tempo e à medida que a minha ignorância sobre o assunto diminuía eu fui realmente me apaixonando pela atividade.

Quando comecei nada sabia sobre o assunto e até o termo “Astrofotografia” era novidade para mim. Aprendi alguma coisa, mas constato que ainda nada sei quando vejo as fotos, as publicações e comentários de outros entusiastas.

Quando fiz as primeiras astrofotografias de céu profundo, com equipamento fotográfico convencional, me maravilhei com o Universo literalmente se descortinando na minha frente. Havia fotografado a Grande Nebulosa de Carina. Não eram grandes fotos, faltava muita técnica, mas era empolgante ver o que eu podia fotografar do pátio da minha casa.

Fiquei novamente empolgado quando descobri que podia saber em segundos, minutos quais objetos celestes estavam presentes nas minhas fotos de uma parte qualquer do céu, simplesmente enviando-as para um site sem qualquer metadado ou informação. O site Astrometry.net é um projeto parcialmente financiado pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA, pela Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA) e pelo Conselho Nacional de Pesquisa em Ciência e Engenharia do Canadá que mantém um serviço de calibração astrométrica de astrofotografias gratuito e disponível para o público em geral. Você pode, mas não precisa sequer se registrar para usá-lo. O objetivo do serviço nas palavras dos pesquisadores responsáveis pelo projeto: Construímos este serviço de calibração astrométrica para criar metadados astrométricos corretos e compatíveis com os padrões para cada imagem astronômica útil já obtida, passada e futura, em qualquer estado de desordem de arquivo. Esperamos que isso ajude a organizar, anotar e tornar pesquisáveis ​​todas as informações astronômicas do mundo.” Que maravilha!... além de facilmente poder identificar o que havia fotografado, minhas fotos passam a integrar um repositório mundial de imagens astronômicas... e sem custo!

Meu perfil em Astrometry.net pode ser acessado no link abaixo:

https://nova.astrometry.net/users/28565

Lá encontrarão dados astrométricos completos e outras informações sobre as imagens publicadas neste blog.

E assim, nesses dois anos comecei me interessando por uma atividade como alternativa a outras que não podia mais fazer e acabei fascinado por ela.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Centro da Galáxia

O centro da Via Láctea, sua parte mais brilhante, localiza-se entre as constelações de Escorpião e Sagitário. Com as três imagens finais resultantes dos empilhamentos dos conjuntos de fotos das regiões de Sagitário e Escorpião (ver as postagens correspondentes), montei um mosaico usando o "Image Composite Editor", uma excelente ferramenta da Microsoft para fazer panoramas pela combinação de duas ou mais imagens com áreas de sobreposição; grátis, fácil de usar, rápida e com resultados excelentes. Infelizmente, a Microsoft descontinuou o produto, mas ainda é possível baixar a última versão, 2.0.3, da biblioteca digital Internet Archive, tanto para sistemas Windows 32 bits como para sistemas 64 bits. Links a seguir:




O mosaico tem uma resolução de 7455 x 3932 e cobre uma área do céu de 15° x 8°. Anotei na imagem a posição do Centro Galáctico de acordo com suas coordenadas equatoriais

em graus decimais: 266,405100; -28,936175
ascensão reta: 17h 45m 40,04s          declinação: -29° 00' 28,1"

Esse é o centro rotacional da galáxia, o local em torno do qual toda a Via Láctea gira. Está a cerca de 26 mil anos-luz de nós e aí existe um buraco negro com massa equivalente a quatro milhões de vezes a do Sol, que alimenta um fonte de rádio muito compacta, identificada no início dos anos 80 e denominada Sagittarius A*.

Há cerca de um ano, em 12 de maio de 2022, foi apresentada a primeira imagem desse buraco negro, feita por uma equipe global de pesquisadores denominada Event Horizon Telescope (EHT) Collaboration usando observações uma rede mundial de radiotelescópios. Uma reportagem a respeito, assim como a imagem reproduzida ao lado, aparecem na edição de 13/05/2022 do Canaltech:
O comunicado, em inglês, do Event Horizon Telescope pode ser acessado no link abaixo:

A observação de objetos integrantes do bojo da Via Láctea é extremamente dificultada pela poeira interestelar presente no disco galáctico, que ao se interpor na linha de visão absorve a luz visível por eles emitida. Assim, estrelas, aglomerados e outros corpos celestes, como o buraco negro, são observados e estudados através de suas emissões eletromagnéticas em comprimentos de onda maiores que os do espectro visível, como infravermelho e ondas de rádio, que sofrem menos absorção. Olhando na direção do centro da galáxia, normalmente só é possível a observação e a fotografia no espectro de luz visível de objetos que estejam a até cerca de 6500 anos-luz, um quarto da distância total; entretanto, há meia dúzia de "corredores" com densidade de poeira muito baixa, criando janelas para a observação de objetos do núcleo central, no espectro visível ou infravermelho próximo. Destaca-se entre essas janelas, a conhecida como Janela de Baade (Baade's Window), anotada na imagem abaixo, resultante da calibração astrométrica da original feita no software ASTAP (Astrometric Stacking Program).


A Janela de Baade tem um contorno irregular e delimita no céu uma área de 1° de diâmetro em torno do Aglomerado Globular NGC 6522. Próximo à sua borda fica um outro aglomerado globular, o NGC 6528. Ambos fazem parte do bojo da galáxia e estão a mais de 25 mil anos-luz de nós. O NGC 6522 é provavelmente o aglomerado mais antigo da Via Láctea com mais de 12 bilhões de anos.

domingo, 9 de abril de 2023

Aglomerados Estelares Abertos
de Ptolomeu e da Borboleta

 


Ptolomeu e Borboleta são dois aglomerados estelares abertos integrantes do Braço de Órion, localizados na Região da Constelação de Escorpião, na parte contígua à Região de Sagitário.

O Aglomerado de Ptolomeu (Messier 7 - M7), formado por cerca de 80 estrelas com magnitudes entre +6 e +10, é o mais próximo, está a uns 1000 anos-luz. Suas estrelas são quentes e azuis, mas a mais brilhante é uma supergigante amarela com magnitude +5,6.

O Aglomerado da Borboleta (Messier 6 - M6) dista cerca de 1600 anos-luz e é muito menos brilhante. Formado por mais de 300 estrelas, apenas em torno de 80 são mais brilhantes que magnitude +11 e vistas com binóculos ou através de um telescópio pequeno lembram uma borboleta, assim como aqui na foto. Contrastando fortemente com as demais estrelas do aglomerado, azuis, quentes e menos brilhantes, destaca-se a BM Scorpii, uma gigante alaranjada com magnitude variável entre +5,5 e +7.

Além desses dois, vários outros aglomerados aparecem anotados na imagem acima. Para ver os dados astrométricos da imagem e outras informações acesse a página correspondente no meu perfil em Astrometry.net, clicando no link abaixo


sexta-feira, 7 de abril de 2023

Via Láctea - Região de Sagitário/Escorpião

Sem contar com o auxílio de um dispositivo de rastreamento, a ideia era fazer três conjuntos de fotos da mesma região, a das Nebulosas Trífida e da Lagoa, reposicionando a câmera a cada conjunto. Com os recursos de que disponho, o alinhamento da câmera sempre é impreciso e demorado e... a pressa é inimiga da perfeição. Claro, não saiu como esperado, mas até foi bom, porque os três conjuntos de fotos cobriram uma área maior que a inicialmente planejada, estendendo-se em direção à Constelação de Escorpião, e aí "descobri" outros corpos celestes interessantes para fotografar. As imagens resultantes dos dois primeiros conjuntos foram objetos das postagens "Via Láctea - Região de Sagitário" e "Via Láctea - Região de Sagitário II" e cobrem a região onde se localizam as Nebulosas da Lagoa e Trífida e uma região intermediária entre aquela e a desta postagem.


A imagem acima é o resultado do empilhamento, integração, das fotos do terceiro conjunto. O equipamento e o software usados, assim como o local, são sempre os mesmos e estão descritos na aba lateral do blog; o que varia são as configurações. Aqui, como também nos dois primeiros conjuntos, foram feitas 25 fotos com a lente Tamron 18-400 ajustada a 135mm, equivalente a 200mm em "full frame", abertura f/5,6, ISO 3200 e exposição de 2,5s. O empilhamento foi feito no DSS com o método Mediana Corte Kappa-Sigma e aproveitamento de 100%, resultando em tempo de exposição total de 1m e 2,5s. No primeiro conjunto de fotos – Via Láctea - Região de Sagitário, foi usado aproveitamento de 80%, como usualmente faço, mas nos outros dois conjuntos, esse e o anterior, usei 100%, por serem poucas fotos, com pouco tempo de exposição e sem diferenças de qualidade entre si.

Os aglomerados estelares abertos de Ptolomeu, à esquerda, no centro, e da Borboleta, um pouco mais à direita, bem em baixo, estão já na Região da Constelação de Escorpião, que se segue à de Sagitário, à direita na foto.

Essa é a parte mais brilhante da Via Láctea; um observador terrestre voltado para essa direção estará olhando diretamente para o centro da galáxia, onde fica o bojo estelar com bilhões de estrelas. A poeira interestelar presente nos braços espirais que formam o disco galáctico se concentra em grandes nuvens escuras, que absorvem a luz das estrelas e criam aquele aspecto recortado da Via Láctea.


Além dos dois aglomerados citados, vários outros objetos aparecem nesta foto, como outros aglomerados e estrelas da Constelação de Sagitário.

Dados astrométricos e outros recursos para  visualização da imagem podem ser acessados em







sexta-feira, 24 de março de 2023

Via Láctea - Região de Sagitário II

A Via Láctea é uma galáxia espiral com quatro braços principais e um braço menor, ensanduichado entre dois dos principais. O Sistema Solar situa-se nesse braço menor, em uma posição intermediária entre a borda e o centro do disco galáctico. Assim, ao olhar-se em direção ao centro da galáxia, pode-se ver objetos integrantes de diferentes braços e cujas distâncias de nós diferem em milhares de anos-luz, embora visualmente possam parecer próximos entre si.


A Nebulosa da Lagoa, objeto da postagem anterior e aqui vista no extremo direito da foto, é um componente do Braço de Sagitário e dista de nós cerca de 5000 anos-luz. Já o Aglomerado da Borboleta, na parte de baixo da imagem à esquerda, é um aglomerado aberto de estrelas a cerca de "apenas" 1600 anos-luz de distância, integrante do Braço de Órion ou Braço Local, o mesmo que abriga o nosso Sistema Solar e a maioria das estrelas visíveis a olho nu. A estrela Alnasl ou Gamma 2 Sagittarii, na confluência das linhas verdes na imagem, está a menos de 100 anos-luz, enquanto as demais estrelas proeminentes ao redor estão a distâncias que vão de algumas centenas a mais de mil anos-luz, e os dois aglomerados globulares no entorno, identificados na foto como NGC 6522 e NGC 6528, fazem parte do bojo da galáxia e estão a mais de 20000 anos-luz.

Dados astrométricos da imagem e recursos para sua visualização interativa no Google Earth sky view e no WorldWide Telescope podem ser acessados em

domingo, 12 de março de 2023

Nebulosa da Lagoa e Nebulosa Trífida


A Nebulosa da Lagoa e a Nebulosa Trífida são dois grandes componentes do Braço de Sagitário da Via Láctea.

A imagem ao lado enquadrando as duas nebulosas é um recorte 100%, ou seja, sem ampliação nem redução, da publicada na postagem anterior.

A Nebulosa da Lagoa é uma estrutura complexa (NGC 6523), composta por um núcleo de formação de estrelas, um aglomerado aberto de estrelas (NGC 6530) e outros objetos.

A Nebulosa Trífida é  formada por uma nebulosa de emissão, com um aglomerado de estrelas jovens no centro, circundada por uma nebulosa de reflexão. Seu aspecto característico de deve à presença também de uma nebulosa escura em sua estrutura.

Além das duas nebulosas, vê-se alguns aglomerados estelares, como NGC 6531, NGC 6544 e NGC 6546, algumas estrelas da Constelação de Sagitário (4 Sgr, 5 Sgr, 7 Sgr e 9 Sgr) e vários outros corpos celestes.

Como de hábito, os dados astrométricos da imagem e recursos adicionais de visualização podem ser acessados em: https://nova.astrometry.net/user_images/7327169#annotated

terça-feira, 7 de março de 2023

Via Láctea – Região de Sagitário



A imagem ao lado foi feita no fim de setembro de 2021, início da primavera, quando a região central da Via Láctea, na Constelação de Sagitário, está no início da noite, aqui no sul do Rio Grande do Sul, quase diretamente sobre nossas cabeças.



Essa é uma região com muitos aglomerados de estrelas e nebulosas. Destaque aqui para a Nebulosa da Lagoa e a Nebulosa Trífida, à direita na imagem. À esquerda, parte da região mais brilhante da Via Láctea.


Metadados das fotos e condições do local onde foram tiradas

Câmera: Nikon D5100 original (não modificada)
Lente:     Tamron 18-400mm f/3.5-6.3 Di II VC HLD
Distância focal: 135mm (equivalente a 200mm (202,5) em 35mm/"full frame")
Campo de visão (FOV): Horizontal: 9,9°; Vertical: 6,6°; Diagonal: 11,9° 
Abertura:  f/5,6
Tempo de exposição: 2,5s
ISO: 3200
Balanço de branco: Luz solar direta
Resolução nativa:  4928 x 3264 (relação de aspecto 3:2)
Formato: NEF (raw)
Quantidade de fotos: 25
Data e hora: 26/09/2021; 19:30 – 19:31 (UTC+3)
Local de observação: Pelotas, RS   31° 45' S; 52° 20,5' W
Coordenadas horizontais do centro da imagem: Azimute: 282°; Altura: 70°
Nível de escuridão do céu: Bortle 7


Integração (empilhamento, "stacking") e processamento das fotos

Deep Sky Stacker (DSS) v. 4.2.6 (software de uso livre, gratuito)
  • Método: Mediana Corte Kappa-Sigma (Median Kappa-Sigma Clipping)
  • Parâmetros:  Kappa = 2; Iterações = 5; Aproveitamento das fotos: 80%
  • Tempo integrado ou exposição total: 50s  (20 fotos (80% do total) @2,5s)

  • Adobe Lightroom 6  v. 6.7
  • Processamento da imagem TIFF resultante da integração
  • Conversão para JPEG


  • Para obter a imagem final foram usadas 20 fotos (integração com 80% de aproveitamento) de uma sequência de apenas 25, com um tempo de exposição de cada foto de somente 2,5s. Sem dispositivo de rastreio e usando lentes com distâncias focais grandes (>100mm), o tempo de exposição máximo e o número de fotos em uma única sequência ficam bastante limitados; quanto mais distante do polo celeste estiver o objeto fotografado maior será a limitação.


    A imagem foi calibrada astrometricamente usando o serviço online gratuito oferecido pelo site Astrometry.net (
    https://nova.astrometry.net/).

    Imagem anotada

    Os dados astrométricos da imagem podem ser obtidos em:
    https://nova.astrometry.net/user_images/7326851#annotated



    segunda-feira, 11 de abril de 2022

    "...
    A imagem do Cruzeiro resplandece."

    Essa imagem, também publicada no Facebook na época daquela da postagem anterior, foi obtida a partir do mesmo conjunto de fotos.

    O esplendor do Cruzeiro do Sul me remeteu ao nosso Hino Nacional – "... A imagem do Cruzeiro resplandece."


    O empilhamento também foi feito no DeepSkyStacker (DSS), usando o método de integração 'Corte Kappa-Sigma' (Kappa-Sigma Clipping). Como a integração foi feita com o aproveitamento de todas as fotos (100), o tempo total de exposição é um pouco maior que o da imagem da outra postagem – 10 minutos (100 x 6s (tempo de exposição de cada foto)). Para destacar o Cruzeiro do Sul, a imagem foi recortada sem ampliação (100% crop). Pode-se ver também, com maior ou menor destaque, outros corpos celestes, como a nebulosa escura conhecida como Saco de Carvão, no canto inferior esquerdo, e o cluster de estrelas Poço dos Desejos, bem à direita.

    Imagem anotada

    Informações relativas à calibração astrométrica da imagem:
    http://nova.astrometry.net/user_images/5767121#annotated


    quarta-feira, 30 de março de 2022

    Céu Estrelado Sobre a Nossa Casa
    Região do Cruzeiro do Sul à Carina




    "Céu estrelado sobre a nossa casa" – sob esse título publiquei essa imagem há quase um ano no perfil da minha esposa no Facebook.





    A imagem foi obtida pelo empilhamento de 100 fotos no DeepSkyStacker (DSS), configurado para usar o modo de integração 'Média Ponderada da Entropia' (Entropy Weighted Average) e aproveitar apenas as 80 melhores (80%). O tempo integrado ou tempo de exposição total da imagem é de 8 minutos (80 fotos com 6 segundos de exposição cada). A imagem acima é a obtida após a integração, processamento e recorte para o formato 16x9 no Adobe Lightroom e uma correção cosmética de luminosidade com o Fotos do Windows 10.

    As fotos foram tiradas em 18 de maio de 2021, entre 20:25 e 20:38, com a objetiva da câmera, uma Tamron 18-400 ajustada a 50mm, dirigida para o Sul (180°) e com uma elevação de 60° sobre o horizonte. Foi usada abertura f/4,5, ISO 1600 e exposição de 6s.

    Abaixo, a imagem com a identificação das estrelas e das constelações. Os dados astrométricos da imagem podem ser consultados em



    quarta-feira, 23 de março de 2022

    Há muito tempo e muito longe do meu pátio

    Há dez anos, em 23 de março de 2012, tirei uma série de fotos da aurora boreal no Mar de Barents, norte da Noruega, e publiquei esta no meu perfil do Facebook, que acabou se tornando minha primeira astrofotografia, já que a tentativa de fotografar aquele eclipse total do Sol, décadas antes, havia sido um retumbante fracasso.

    Numa primeira tentativa de identificar as estrelas que aparecem na foto, sobrepus, sob a forma de uma imagem transparente, um mapa estelar "extraído" (screenshot) de uma visualização do planetário virtual The Sky Live Online Planetarium para o local, data, hora e campo de visão da foto, obtendo a imagem abaixo.

    Para ver se a aurora boreal atrapalharia a calibração astrométrica da imagem, eu havia enviado no ano passado uma foto, não essa, para o site Astrometry.net. A calibração foi feita sem nenhum problema. Embora muito parecidas são fotos diferentes e como essa acabou se tornando "histórica", ou melhor "pré-histórica", por ter sido publicada no Facebook antes de eu sequer conhecer o termo Astrofotografia, resolvi agora, para comemorar seus 10 anos, enviá-la também para calibração. Abaixo os resultados obtidos.


    Calibration

    Center (RA, Dec):(251.555, 23.397)
    Center (RA, hms):16h 46m 13.176s
    Center (Dec, dms):+23° 23' 48.188"
    Size:44 x 29.2 deg
    Radius:26.409 deg
    Pixel scale:32.2 arcsec/pixel
    Orientation:Up is 352 degrees E of N
     



    Todas as informações relativas à calibração astrométrica da foto estão disponíveis aqui.

    sábado, 25 de dezembro de 2021

    Feliz Natal!



    Estrela de Belém

    Nessa época sempre ressurgem as teorias relativas à bíblica Estrela de Belém, Estrela de Natal ou Estrela-Guia, que teria guiado os Reis Magos até o local do nascimento de Jesus. Das várias teorias surgidas ao longo dos séculos, todas sem comprovação, uma das que ainda persiste é a de uma conjunção planetária, defendida por Johannes Kepler em 1614 e que, com diferentes variações, tem seguidores até hoje. 

    Em dezembro do ano passado ocorreu uma conjunção de Júpiter e Saturno, a qual a mídia se referiu como a grande conjunção, chamando a atenção para o evento astronômico e também para as teorias sobre a Estrela de Belém. Embora essas conjunções não sejam tão raras, ocorrendo a cada 20 anos aproximadamente, uma com tal perfeição de alinhamento não acontecia há séculos. Daí a sua singularidade, ainda que vá se repetir daqui a "apenas" 60 anos. No dia de maior proximidade, ou seja, de melhor alinhamento, 21 de dezembro de 2020, a distância visual entre eles era de apenas 0,1°.

    O pensamento predominante hoje é de que a estrela bíblica não corresponde a nenhum evento astronômico, mas a ocorrência da Grande Conjunção de Júpiter e Saturno às vésperas do Natal de 2020 foi, sem dúvida, um grande apelo, sugestivo e inspirador, à nossa imaginação e ao debate sobre a Estrela de Belém.

    Na ocasião publiquei essa foto do evento, feita com uma teleobjetiva de 600 mm no dia 22/12/2020, no meu perfil do Facebook; este blog ainda não existia. Nela vê-se Saturno e um pouco acima Júpiter e as quatro luas de Galileu – de baixo para cima, Ganimedes, Io, Calisto e Europa. Clique sobre a foto para acessá-la em tamanho grande.


    sábado, 4 de dezembro de 2021

    Ainda a Via Láctea - última postagem do ano sobre...

    Como já dito em uma postagem anterior, a época já não é mais propícia à observação/fotografia da nossa galáxia e, dada a grande quantidade de fotos tiradas no dia 13 de junho, cobrindo um período de três horas, resolvi, para completar o trabalho com a Via Láctea neste ano, empilhar um outro grupo de fotos. Como já fiz uma imagem com as fotos do fim da série e as do início produziriam, por causa da semelhança de horários, uma imagem parecida àquela do dia anterior, a opção óbvia foi por um grupo de fotos do meio da série.

    As fotos selecionadas foram integradas (empilhadas), resultando, após o processamento e a edição, a imagem abaixo. 

    A calibração da imagem foi feita, como nas outras, através do serviço do site Astrometry.net e os seus dados astrométricos estão disponíveis em

    https://nova.astrometry.net/user_images/5374640#annotated


    A Via Láctea sobre Pelotas, RS, em meados de junho, ao longo da noite






    Um pouco antes das 8 da noite
    (Foto de 12 de junho, publicada originalmente aqui no blog em 04/11/21)












    Em torno das 22hs
    (Foto de 13 de junho, publicada nesta postagem)












    Cerca da meia-noite
    (Foto de 13 de junho, postada originalmente em 19/11/21)









    Imagens da Via Láctea ao longo da noite aqui em Pelotas, no fim do outono, quando se olha para o Sul. Infelizmente, por causa da elevada poluição luminosa, nada ou quase nada disso se vê a olho nu. O céu de Pelotas é classificado como classe 7 na Escala de Bortle – o máximo é 9! E quanto mais alto, pior. A luminosidade do céu daqui no zênite é de 3340 μcd/m2, sendo que 3170 μcd/mprovêm da iluminação artificial, ou seja, 95% é poluição luminosa.

    sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

    Além da Via Láctea

    Como publiquei na minha página do Facebook sobre Astrofotografia, já ao fazer a primeira foto da Via Láctea percebi as enormes limitações do meu "observatório" para fotos de campo amplo e resolvi aventurar-me também em um outro ramo da astrofotografia: a de céu profundo. Nessa modalidade se usam lentes com distâncias focais maiores, consequentemente com campos de visão mais estreitos, para fotografar objetos ou grupos de objetos específicos; escolhendo objetos em posições elevadas sobre o horizonte, pode-se contornar tanto o problema dos obstáculos visuais como o da poluição luminosa, pois essa diminui do horizonte para o azimute.

    Naquela época do ano – Outono – a Grande Nebulosa de Carina e alguns aglomerados estelares próximos estavam bem altos no céu antes da meia-noite; uma condição muito favorável para seu registro fotográfico.

    Essas são minhas primeiras fotos de céu profundo. Feitas em março e abril de 2021, foram originalmente postadas e usadas como foto da capa no meu perfil do Facebook.

    Tanto numa como noutra, vê-se, à esquerda, o aglomerado aberto de estrelas (open cluster) NGC 3532, conhecido como Poço dos Desejos, Almofada de Alfinetes e outras denominações populares, e, à direita, a Grande Nebulosa de Carina, catalogada como NGC 3372.

    Para tirar as fotos foi usada, em ambos os casos, uma Nikon D5100 e uma lente superzoom Tamron 18-400mm ajustada a 135mm. A imagem da esquerda foi obtida pelo empilhamento de apenas 4 fotos tiradas com abertura f/5,6, ISO 3200 e 2,5s de exposição; a da direita, pelo empilhamento de 100 fotos, com as mesmas abertura e ISO e exposição de 4s. O software usado no empilhamento das primeiras foi o Sequator, com a opção "Combinar 4 pixels" (Merge 4 pixels) ativada, o que aumenta a sensibilidade, mas reduz a resolução a um quarto. Para as outras foi usado o DeepSkyStacker, sem fusão de pixels. Essa diferença de processamento resultou em imagens com resolução diferente. Ambas foram recortadas, sem alteração de escala (ampliação ou redução), para enquadramento do objetivo.

    domingo, 21 de novembro de 2021

    A foto que ficou na tentativa

    A época do ano já não é mais propícia para observar e/ou fotografar a Via Láctea, mas há alguns dias voltei a tentar fotografar a nossa galáxia.

    Acontece que em 7 de novembro, ao cair da noite, a Lua nova e Vênus apareciam justo sobre o centro da Via Láctea. Olhei no Stellarium e... legal! Vai dar uma bela foto, incomum! Só que não... acabou na intenção, ficou na tentativa frustrada.
    Ao usar uma exposição maior, 8s, para captar a luz da Via Láctea, a luminosidade da fina lua nova inundou toda a foto. Repetiu-se, de certa maneira, o ocorrido há mais de 50 anos, quando tentei fotografar o famoso eclipse total do sol de 1966 - lembram?... contei a história na postagem de 12 de novembro.

    Poderia ter sido uma foto interessante se eu soubesse como captar a tênue luminosidade da galáxia, sem que a luz dos menos de 6% de lua alagasse tudo. Além da lua nova, transformada em um pequeno sol brilhante, aparece Vênus e várias constelações, como Sagitário e Escorpião (só a cauda), entre as quais se veria o centro da galáxia, mas... não se vê!

    Estiveram presentes também os inimigos da Astrofotografia: as nuvens, que no caso não atrapalharam, até ajudaram a compor a foto, a obstrução visual do céu – construções, árvores – e, o principal, a poluição luminosa, aqui reforçada agora por um poderoso holofote, em um edifício próximo em final de construção, que ilumina as paredes da minha casa.


    No planetário virtual Stellarium se vê assim; o mais proeminente é Vênus e não a Lua nova como na minha foto.


    Tentativa frustrada, mas vou aprendendo... kkkk

    sexta-feira, 19 de novembro de 2021

    Via Láctea – do centro da galáxia até o Cruzeiro do Sul



    A Via Láctea sobre a nossa casa

    A Via Láctea em todo o seu esplendor, desde o centro da galáxia, no alto, até a região das constelações Cruzeiro do Sul, Musca e Carina, junto à árvore.




    Imagem resultante do empilhamento no Deep Sky Stacker (DSS) das últimas doze fotos da série de 540 usada para fazer o vídeo time-lapse da publicação de 7 de novembro.
    Após o processamento, sobrepôs-se um recorte da quina da casa e dos galhos de árvore com sua luminosidade original.
    Fiquei em dúvida sobre qual versão prefiro. É a mesma imagem do céu.

    Essa foto, cobrindo a Via Láctea desde as constelações Sagitário e Escorpião até o Cruzeiro do Sul, é como uma "soma" de duas anteriores – a de março, postada em 30 de outubro, e a de 12 de junho, um dia antes dessa, postada em 4 de novembro. A foto de março registra a porção da Via Láctea que se estende das constelações Sagitário e Escorpião, onde está seu centro, até Circinus e o Triângulo Austral e a outra, daí até o Cruzeiro do Sul e Carina.

    Para a determinação dos parâmetros astrométricos, através do serviço propiciado pelo site Astrometry.net, a imagem foi recortada, sem alteração de escala, para eliminar os elementos terrestres – casa, árvores; não foi possível determinar na imagem completa.

    Calibration

    Center (RA, Dec):(256.212, -49.560)
    Center (RA, hms):17h 04m 50.910s
    Center (Dec, dms):-49° 33' 35.881"
    Size:93.7 x 62.1 deg
    Radius:56.210 deg
    Pixel scale:85.7 arcsec/pixel
    Orientation:Up is 352 degrees E of N
    Os arquivos com os dados astrométricos, assim como diferentes opções de visualização, análise e comparação da foto estão disponíveis em

    sexta-feira, 12 de novembro de 2021

    12 de novembro de 1966 – Eclipse Total do Sol

    12 de novembro de 1966 foi uma data histórica. Ocorreu aqui um evento que só se repete no mesmo lugar com intervalo de séculos – um eclipse total do sol.

    Eu havia acabado de comprar minha primeira câmera, máquina fotográfica como era comum se chamar na época, e fui em uma excursão da faculdade, que eu tinha concluído no ano anterior e da qual havia me tornado Auxiliar de Ensino, à praia do Cassino, para observar o eclipse e o lançamento de mais de uma dezena de foguetes pela NASA.

    Naquela oportunidade tirei minhas primeiras fotos, ou melhor, "slides" – fotos em filme positivo que podiam ser projetadas – e uma delas teria sido minha primeira astrofotografia, ainda que eu não conhecesse o termo e talvez até nem existisse. Só que, infelizmente, não!!! O que era pra ser a foto do ápice do evento saiu apenas como um disco brilhante sobre um fundo escuro, azul arroxeado – a luminosidade da coroa foi suficiente para clarear na foto todo o disco solar, que estava totalmente escurecido no momento do eclipse.

    Não tive sucesso nessa minha primeira "astrofotografia", mas fiz várias fotos documentando o evento na praia do Cassino.

    Há cinco anos, em 2016, para comemorar meus 50 anos de fotografia, publiquei no meu perfil do Facebook um resumo de como vivenciei o evento do eclipse solar total
    e um álbum com algumas das fotos tiradas.


    domingo, 7 de novembro de 2021

    Via Láctea no Fim do Outono (Junho)


    Essa época, meados de junho, é ótima para se observar a Via Láctea – em uma área sem obstáculos e com céu escuro é possível ver o arco completo, de horizonte a horizonte. Infelizmente não é o caso, mas tem-se aqui uma bela vista da Via Láctea "passando" sobre a casa. Surgindo à esquerda e subindo até o topo, está o centro da galáxia, entre as constelações de Sagitário e Escorpião, e no centro, descendo em direção ao limoeiro, aparece o Cruzeiro do Sul e o Saco de Carvão. O tempo real dessa "passagem" é de três horas.

    Vídeo time-lapse 4K criado no Corel VideoStudio com 540 fotos tiradas com uma Nikon D5100 com lente Tokina 11-16mm @11mm, f/2,8, ISO 1270, exposição de 15s, em formato RAW, processadas no Adobe Lightroom. As fotos foram batidas em 13/06/2021 das 20:45:00 às 23:44:56 com duração de 15s cada e intervalo de 5s entre elas. O vídeo é em 30fps e cada foto é um frame; assim cada segundo do vídeo corresponde a 600s em tempo real, ou seja, a velocidade do vídeo é 600x a real.